História Aty Guasu

Tonico Benites-Guarani-Kaiowá e pesquisador da UFRJ

História da invasão do território Guarani Kaiowá

Tekoha Guasu Guarani e Kaiowá, 18 de dezembro de 2012.

domingo, 30 de junho de 2013

NOTA DA ATY GUASU GUARANI-KAIOWÁ É PARA TODAS AS SOCIEDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS




NOTA DA ATY GUASU GUARANI-KAIOWÁ É PARA TODAS AS SOCIEDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS

É COM MUITA PESAR E LÁGRIMAS NOS ROSTOS DO POVO GUARANI-KAIOWÁ VEM RELEMBRAR DO OZIEL GABRIEL TERENA ASSASSINADO PELA JUSTIÇA DO BRASIL que hoje 30 de junho de 2013, faz um mês das violências aplicadas contra as vidas do povo Terena e do assassinato do Oziel Gabriel autorizada pela própria JUSTIÇA FEDERAL DE CAMPO GRANDE DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, A MANDO DOS FAZENDEIROS. 



Mais uma vez, no dia 18 de junho de 2013, JUSTIÇA FEDERAL já decretou mais uma ordem de violências, despejo e assassinato de povo Terena de Taunai Ipeguê. Assim, a JUSTIÇA FEDERAL, de fato, pela terceira vez está autorizando o genocídio/extermínio do povo Terena. JUSTIÇA PARE DE MANDAR MATAR O POVO INDÍGENA TERENA, PARE! ESSE É NOSSO GRITO DE MANIFESTAÇÃO INDÍGENA HOJE.



É importante destacar que em menos de um mês a JUSTIÇA FEDERAL DECRETOU TRÊS ORDEM DE GENOCÍDIO DOS INDÍGENAS TERENA. POR ISSO, REPUDIAMOS AS DECISÕES DA JUSTIÇA FEDERAL DE CAMPO GRANDE-MS CONTRA AS VIDAS DOS INDÍGENAS. 
Essas violências, assassinatos dos indígenas e genocídio em curso autorizado pela própria JUSTIÇA FEDERAL estão nos preocupando bastante, por isso através desta nota vimos comunicar a todas as sociedades nacionais e internacionais que PRÓPRIA JUSTIÇA FEDERAL DE CAMPO GRANDE DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ESTÁ DECRETANDO O GENOCÍDIO DO TERENA DE FORMA CONTÍNUA. 

NO DIA 29 DE MAIO DE 2013, JUSTIÇA FEDERAL AUTORIZOU AS VIOLÊNCIAS CONTRA O POVO TERENA DE BURITI ONDE OZIEL GABRIEL FOI ASSASSINADO PELA POLÍCIA, A MANDO DA JUSTIÇA FEDERAL. A JUSTIÇA FEDERAL REAFIRMA E DIVULGA QUE “A ORDEM DA JUSTIÇA DEVE E TEM QUE SER EFETIVADA E CUMPRIDA PELA FORÇA POLICIAL”. ASSIM, É EVIDENTE QUE AS VIOLÊNCIAS E O GENOCÍDIO DO POVO TERENA SÃO AUTORIZADOS PELA PRÓPRIA JUSTIÇA FEDERAL DE CAMPO GRANDE-MS. Diante desse fato preocupante, O GENOCÍDIO em curso, nós lideranças Guarani-Kaiowá, muito preocupados, vimos através desta nota repudiar reiteradamente a ordem de DESPEJO E GENOCÍDIO do povo Terena autorizada pela JUSTIÇA FEDERAL DE CAMPO GRANDE-MS.

Além disso, solicitamos a JUSTIÇA FEDERAL PARA SUSPENDER DEFINITVAMENTE ESSA ORDEM DE DESPEJO DO TERENA.

Por fim, através desta nota, socializamos a dor infinitiva, indignação e grito dos povos indígenas, aumentamos o tom de nosso grito do povo Terena e Guarani-Kaiowá, em uma só voz, JUSTIÇA PARE MANDAR MATAR NÓS!! Nosso grito em resumo é: JUSTIÇA FEDERAL NÃO ASSASSINE MAIS NENHUM INDÍGENA DO MATO GROSSO DO SUL. Esse é o nosso grito frente à mira de diversas armas de fogo das polícias do Brasil. A MANDO DA JUSTIÇA FEDERAL, JÁ HÁ NOVAMENTE VÁRIO ARMAS DE FOGOS DAS POLÍCIAS APONTADAS EM DIREÇÃO DE CRIANÇAS, MULHERES, IDOSOS (AS) TERENA. É LAMENTAVEL! ESSA É DENOMINADA DE JUSTIÇA BASILEIRA.

NÓS INDÍGENAS GUARANI-KAIOWÁ E TERENA DEMANDAMOS PEDAÇO DE NOSSAS TERRAS PARA SOBREVIVER E NÃO PARA MORRER, NÃO PARA SERMOS ASSASSINADOS E MASSACRADOS PELAS ARMAS DAS POLÍCIAS DO ESTADO BRASILEIRO. 

JUSTIÇA FEDERAL! MANDE RETIRAR LOGO ESSAS MIRAS DA ARMA DE FOGOS DA DIREÇÃO DAS CRIANÇAS, MULHERES, IDOSOS (AS) DO POVO TERENA.

JUSTIÇA! PARE DE MANDAR MATAR NOS INDÍGENAS!. DEMARQUE E DEVOLVA LOGO UM PEDAÇO DE NOSSA TERRA TRADICIONAL. ESSE É NOSSO GRITO, REUNIDO EM UMA SÓ VOZ DO GUARANI-KAIOWÁ E TERENA. O NOSSO GRITO É PARA SOCIALIZAR COM TODAS AS SOCIEDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS. 
ATENCIOSAMENTE,
TEKOHA GUASU, 30 DE JUNHO DE 2013.
LIDERANÇAS DA ATY GUASU GUARANI-KAIOWÁ CONTRA GENOCÍDIO

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Martírio - Luta Guarani Kaiowá - Pyelito Kue



Martírio - Luta Guarani Kaiowá - Pyelito Kue

Sr. Ministro da Justiça, basta:
- Restituam as terras aos Guarani-Kaiowá.
- Basta de violência policial contra as lutas justas dos povos indígenas.
- Terra indígena não é barganha eleitoral.

Continuamos todos Guarani-Kaiowá!

Depoimento de Helena Borvão e demais acampados na aldeia resistente de Pyelito Kue.
Trechos do filme "Martírio", sobre a violência continuada ao povo Guarani-Kaiowá.

fonte: http://www.videonasaldeias.org.br

Depoimento de Kuña Jeguaka Rory

#CONTINUAMOStodosGUARANIKAIOWÁ




INDENIZAÇÃO AOS INDÍGENAS DO MS SERÁ APRESENTADA AO GOVERNO E JUSTIÇA

NOTA DA ATY GUASU GUARANI E KAIOWÁ-MS CONTRA GENOCÍDIO.
ESTA NOTA VISA DESTACAR UMA NOVA PAUTA QUE SERÁ APRESENTADA À REUNIÃO COM GOVERNO, JUSTIÇA FEDERAL, FAZENDEIROS E INDÍGENAS, A SER REALIZADA NO DIA 20 DE JUNHO DE 2013, EM CAMPO GRANDE-MS.

Nós lideranças da Aty Guasu Guarani-Kaiowá, vimos através desta nota comunicar a todas sociedades nacionais e internacionais que no dia 20 de junho de 2013, em Campo Grande-MS ocorrerá mais uma reunião com os representantes do governo e justiça federal e estadual onde terá continuidade de discussão sobre a compra e venda de terras indígenas tradicionais entre os fazendeiros e governo e justiça federal.  Diante desse debate atual frequente sobre a compra e venda de terras indígenas e a indenização só aos fazendeiros em pauta, nós do conselho da Aty Guasu, nesta reunião do dia 20 de junho de 2013, justamente acrescentaremos o assunto de indenização e política de reparação aos indígenas do Mato Grosso do Sul, já demandada e reivindicada pelas lideranças e comunidades Guarani-Kaiowá trucidadas e expulsas de seus territórios tradicionais pelos fazendeiros.

JUSTIFICATIVA

Em primeiro lugar, destacamos que entre as décadas de 1930 e 1980, nós Guarani e Kaiowá fomos invadidos, massacrados e expulsos de nossas terras tradicionais pelos atuais fazendeiros, por isso hoje, estamos sofrendo e morrendo fora de nossas terras tradicionais.
Constatamos que entre 1940 e 1980, vários homens indígenas (Guarani e Kaiowá) foram escravizados pelos fazendeiros para fazer a derrubada de floresta, sempre os indígenas foram explorados na formação das fazendas sobre as suas próprias terras indígenas, no atual Estado de MS.  As atividades desses indígenas eram derrubar a floresta com as ferramentas manuais, tais como: facão, foice, machado e enxada. Duração desse trabalho degradante e desumana eram 14 horas por dia. Os três (03) homens não índios armados, ou seja, os pistoleiros “brancos” com mão armada vigiavam diariamente os trabalhos e as casas dos indígenas. Além disso, os homens Guarani e Kaiowá não recebiam nenhum salário/remuneração por essa atividade pesada e degradante. Após formação final das fazendas, os indígenas foram violentados e expulsos de seus territórios e jogados nas pequenas reservas do SPI.

Hoje, dia a dia, a nova geração Guarani-Kaiowá, de fato, passam por situação de miséria, fome, violência e sem mais espaço de terra para sobreviver como indígenas. De fato, desde 1980 até 2012, nas pequenas ilhas de terras, denominada de aldeia/reserva indígena, mais de 1.000 Guarani e Kaiowá se suicidaram. Mais de 20.000 (vinte mil) homens desde 1980 foram e são explorados e escravizados na usina de álcool.  Além disso, mais de 200 lideranças Guarani e Kaiowá foram ameaçadas e assassinadas pelos fazendeiros no contexto de luta pela demarcação de terras indígenas tradicionais.
Hoje, os recursos naturais das terras indígenas tradicionais foram totalmente destruídos, nossas águas e rios são envenenados e poluídos. Diante dessas destruições totais de recursos naturais e violências permanentes contra indígenas, nós lideranças da Aty Guasu, passamos a demandar a indenização e política de reparação urgente para os povos Guarani e Kaiowá sofrida e expulsa de seus territórios tradicionais.

Hoje, no Mato Grosso do Sul, ocorrem os assassinatos frequente dos indígenas pelos fazendeiros, existem sofrimentos permanente dos Guarani e Kaiowá. Em resumo O GENOCÍDIO INDÍGENA em curso é nossa justificativa  principal de solicitação de indenização e política de reparação para sobreviventes Guarani e Kaiowá sofridos e expulsas das terras antigas, localizadas no cone sul de Mato Grosso do Sul.

Além disso, hoje, no Estado de Mato Grosso do Sul, existem dezenas de terras indígenas tradicionais já demarcadas e reconhecidas pelo governo federal em meados de 1980, 1990 e 2000 já declaradas como terras indígenas, que Ministério da Justiça e o Presidente da República já conferem direito ao usufruto das terras aos indígenas, mas não nós indígenas não usufruímos ainda de nossas terras. Essas terras já foram homologadas como Terras Indígenas pelo Presidente da República. Mas até o momento (decorridos já mais de uma década da homologação) nós indígenas não usufruímos das partes das nossas terras homologadas pelo presidente da República, mas os fazendeiros continuam os explorando e gerando lucros sobre as terras indígenas. A informação é de que a homologação dessas terras indígenas pelo presidente do Brasil encontra-se parcialmente suspensa por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), sem previsão de data para o julgamento final, de mérito. Em decorrência de não julgamento pelo STF, nós indígenas sofremos diversas violências e despejos de nossas terras tradicionais, sobretudo as ações de genocídio do século XXI, promovidas tanto pelos fazendeiros como pela justiça federal que perdura até os dias de hoje.

Frente à situação histórica relatada, no dia 20 de junho de 2013 será apresentada aos representantes do governo e justiça federal, a apreciação de INDENIZAÇÃO JUSTA AOS POVOS INDÍGENAS. Essa indenização demandada pelos indígenas do Mato Grosso do Sul terá que ser uma medida compensatória por trabalho escravo, pela demora de conclusão de demarcação de terras indígenas, pelas violências sofridas, pelos danos morais e materiais sofridos pelos povos indígenas. ESSA É NOSSA DEMANDA  E A LUTA CONTRA GENOCÍDIO. Visto que os indígenas do Mato Grosso do Sul foram massacrados e expulsos de seus territórios tradicionais no processo de criação das fazendas sobre os territórios indígenas.


Atenciosamente,
Tekoha Guasu, 20 de junho de 2013.
Lideranças da Aty Guasu Guarani e Kaiowá-contra genocídio.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Nota da Aty Guasu Guarani-Kaiowá sobre a manifestação pacífica do Brasil

NOTA DA ATY GUASU GUARANI-KAIOWÁ É PARA SOCIEDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Através desta nota Aty Guasu Guarani-Kaiowá vem repudiar as violências do Estado brasileiro praticadas contra os manifestantes pacíficos em curso que exigem mudanças e melhoria nas políticas públicas do Brasil.

Além disso, vimos destacar que nós indígenas Guarani-Kaiowá, por meio da Aty Guasu, já estamos em manifestações étnicas e pacíficas permanentes que já faz mais de uma década, exigindo aos governantes do país as efetivações de nossos direitos constitucionais.
Ressaltamos que as nossas manifestações étnicas e pacíficas em curso no Estado de Mato Grosso do Sul historicamente foram e são reprimidas e atacadas tanto pelas violências dos pistoleiros das fazendas quanto pelas violências autorizadas pelo governo e justiça do Brasil, isto é, as nossas manifestações indígenas sempre foram atacadas pelas ações de homens armados com os tiros de balas letais, gás de pimenta, etc. Por razão, nós indígenas já sentimos e conhecemos muito bem os pesos das mãos truculentas, as dores e consequência dessas violências dos homens armados contra as nossas vidas. NUNCA e NÃO desejamos essas violências contra os manifestantes brasileiros desencadeados no país democrático, por isso vimos por meio desta nota repudiar as violências promovidas contra os manifestantes pacíficos pelos poderes do Estado de direito democrático.  Prestamos as nossas solidariedades profundas às vitimas de violências dos poderes policiais do Estado brasileiro.

Através desta nota comunicamos as sociedades nacionais e internacionais que nós indígenas Guarani-Kaiowá apoiamos a manifestação pacifica do povo brasileiro pela melhoria da saúde, educação pública e efetivações de todos os direitos básicos dos cidadãos brasileiros. Em geral, sabemos e sentimos que a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 está aumentando a exploração dos estudantes e trabalhadores brasileiros, ignorando as demandas e direitos fundamentais dos brasileiros. Nesse contexto, o governo brasileiro ignora os direitos humanos e direitos indígenas, sobretudo permitindo as violações de direitos humanos e indígenas brasileiros. Nesse sentido, nossas posições indígenas são contra os gastos excessivos e absurdos pela realização da Copa do Mundo de 2014 enquanto a maioria dos brasileiros não recebe atendimento justo e merecido na área de saúde, educação pública e no setor de transporte público, etc.

Nós indígenas Guarani-Kaiowá nas condições de primeiros brasileiros, solicitamos reiteradamente aos governantes brasileiros (municipais, estaduais, federais) que ouçam e atendam as reivindicações dos manifestantes pacíficos brasileiros. Ao mesmo tempo, mais uma vez, nós Guarani-Kaiowá em manifestação étnica, retornamos a demandar as efetivações de nossos direitos à posse de nossas terras tradicionais, efetivações de nossos direitos à saúde e educação indígenas, que não são atendidas até hoje pelo governo e justiça do Brasil. O governo e justiça do Brasil, em vez de efetivar os direitos indígenas, em vez atender as reivindicações antigas dos indígenas, a justiça brasileira aciona e autoriza violência contra os indígenas. Assim, comunicamos a todos que de fato, mais uma ordem de violências contra indígenas Terenas, no dia 18 de junho de 2013, foi autorizada pela Justiça Federal em Campo Grande de Mato Grosso do Sul. Repudiamos reiteradamente as violências contra as vidas indígenas e humanas do Brasil e do planeta Terra.

Atenciosamente,
Tekoha Guasu Guarani-Kaiowá, 19 de junho de 2013
Conselho da Aty Guasu Guarani-Kaiowá contra genocídio indígenas

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Aty Guasu relata as violências histórica contra indígenas do MS

NOTA DO CONSELHO DA ATY GUASU CONTRA O GENOCÍDIO

Essa nota do conselho da Aty Guasu Guarani-Kaiowá analisa os relatos dos indígenas guarani-kaiowá que já foram e são vítimas de violências históricas promovidas pelos fazendeiros na região Cone Sul de Mato Grosso do Sul que perdura até os dias de hoje. Além disso, destacamos os perfis dos mentores e executores das violências contra as vidas dos indígenas.

Todos os indígenas guarani-kaiowá idosos (as) se recordam e narram o seguinte:
 “Em 1960, os fazendeiros e seus pistoleiros que chegaram ao sul de Mato Grosso do Sul em nossos tekoha terras tradicionais sempre portavam os dois revolveres (38 e 44) e balas na cintura e seus pistoleiros carregavam nas mãos duas espingardas (12 e 28), todos esses homens brancos “karai” os já lançaram os tiros sobre os índios, em qualquer momento já atiravam em direção dos indígenas, com os tiros de armas de fogos faziam correr os índios. Os índios não reagiam contra os pistoleiros, por isso, os índios para não morrer só corriam e fugiam com a sua família dos pistoleiros. Os fazendeiros e seus pistoleiros eram extremamente temidos, por que matavam sem piedade os índios. Naquela época, fazendeiros falavam rindo que matar índios não é nada, matar índios bugre não é crime, por isso, eles matavam índios rindo, era assim naquela época. Quando os fazendeiros mandavam matar índios, nenhum índio podia falar nada, se alguns índios se manifestassem ou reagissem contra as ações dos fazendeiros eles mandavam matar na hora ou era preso e mandava para cadeia. Naquela época, esses fazendeiros e seus pistoleiros já demonstravam que não gostavam mesmo de nós índios, apresentavam os olhares nervosos e bravos sobre os índios. Era assim naquela época, os fazendeiros já falavam para nós que ia mandar matar muitos índios. Na verdade, já naquela época eles mataram muitos índios e continuam matando nós índios até hoje”. (Narrações de idosos (as) guarani-kaiowá do Mato Grosso do Sul).

Narrações dos idosos (as) citadas acima revelam que os fazendeiros com os tiros das armas de fogo dominaram os indígenas e seus territórios, por isso indígenas Guarani-Kaiowá não reagiam e não podiam fazer nada. Havia duas opções para os indígenas guarani-kaiowá, a primeira era permanecer calados na mira de arma de fogo. Outra opção era reagir para morrer ou reagir para ser preso na cadeia. Idoso (as) guarani-kaiowá recordam e narram que AS VIOLENCIAS contra índios eram assim naquela época antiga, já faz quarenta anos atrás, mas nós do conselho do Aty Guasu, relatamos e narramos aqui os fatos acontecidos no primeiro semestre de 2013, registramos aqui os tiros de armas de fogo lançados em direção do menino Denilso Barbosa no dia 17 de fevereiro de 2013, porque precisava apenas pescar, caçar e circular pela sua terra tradicional. Relatamos aqui os tiros de arma de grosso calibre lançados sobre a comunidade Itay-Douradina-MS que atingiram a cabeça do indígena João, no dia 12 de abril de 2013, porque a comunidade de ITAY começou a demandar a demarcação de sua terra antiga. Lembremo-nos dos tiros de armas de fogo de calibre 12 que acertaram o peito e a cabeça do cacique Nisio Gomes, no dia 18 de novembro de 2011, por que também retornou a reocupar a sua terra tradicional. Relatamos os tiros de arma de fogo que atravessaram o peito do professor Genivaldo Vera no dia 31 de outubro de 2009, por que estava retornando a terra tradicional Ypo’i. De forma igual, relatamos os tiros de armas de fogos que atingiram a cabeça da rezadora Xurite Lopes, janeiro de 2007, por que estava retornando a sua terra tradicional Kurusu Amba-Coronel Sapuacai-MS. Relatamos vários outros tiros de armas de fogos que tombaram as vidas do Guarani-Kaiowá. Acabamos de relatar o tiro que atingiu o peito do Oziel Gabriel Terena e do Joziel por conta de luta para sobreviver nas suas terras tradicionais. Recebemos agora poucos e estamos registrando o tiro de arma de fogo atravessou o peito do indígena Guarani-Kaiowá Celso Figueiredo do tekoha Paraguasu-Paranhos-MS. As listas de nomes dos Guarani-Kaiowá atingidos pelos tiros dos pistoleiros das fazendas continuam chegando todas as semanas, nesta pagina da nota não cabe mais.

Enfim, ontem relatamos as prisões de cinco Guarani-Kaiowá do tekoha Itay-Douradina-MS, por reagirem contra os tiros lançados pelo ex-policial, sobretudo foram presos por lutar pela demarcação de terra tradicional Itay-Douradina-MS. Os cincos presos casais deixam abandonados os seus filhos e suas filhas pequenas no acampamento ITAY-Douradina-MS.

Sobre a causa da prisão dos sete indígenas guarani-kaiowá do ITAY, importa destacar que nos dias 11 e 12 de abril de 2013, como sempre fez, o ex-policial chegou lançando de novo os tiros de arma de fogo sobre as casas e comunidade Guarani-Kaiowá do Itay, um dos tiros acertou a cabeça do indígena João, no momento em que pela primeira vez, o João já ferido reagiu e entrou em luta corporal com o ex-policial, ele foi desarmado, que durante a luta física o ex-policial foi ferido na cabeça pelos indígenas e o ex-policial faleceu depois. É importante ressaltar que a origem dessa briga, ameaça de morte, violência e assassinato é a disputa pela terra. Já é sabido que os indígenas guarani-kaiowá que luta pela demarcação de suas terras não negam seus atos e não inventam nada para se livrar de seus crimes cometidos, se entregam, vão presos se colocam a disposição da justiça enquanto os fazendeiros assassinos dos índios negam seus crimes e inventam mil coisas para se livrar das punições, escondem os cadáveres indígenas, etc.

Aqui no Mato Grosso do Sul os assassinos dos índios foram e são ex-policiais, políticos, vereadores, deputados, ex-governador e advogado, etc, por isso nunca foram presos. Quando índios Guarani-Kaiowá reagem contra os tiros do ex-policial em legítimas defesas, os índios são presos sim. Os fazendeiros assassinos dos índios não são presos, todos estão foragidos.
 Voltando aos relatos dos idosos (as), ao analisarmos os fatos acontecidos hoje com os indígenas concluímos que as violências descritas contra os indígenas em 1960, continuam acontecendo hoje. Não há punição aos fazendeiros, mas há punição aos índios.

Por fim, diante dessa impunidade histórica, pedimos à justiça as punições rigorosas também aos fazendeiros assassinos dos índios.

Atenciosamente,
Tekoha Paraguasu, 13 de junho de 2013
Conselho da Aty Guasu Guarani-Kaiowá

terça-feira, 11 de junho de 2013

COMITIVA DE LIDERANÇAS GUARANI-KAIOWÁ E TERENA VIAJAM À BRASÍLIA-DF

INFORMATIVO DO CONSELHO DA ATY GUASU CONTRA O GENOCÍDIO/ EXTERMÍNIO INDÍGENAS DO MATO GROSSO DO SUL.

ESSA NOTA DA ATY GUASU VISA DESTACAR AS POSSÍVEIS AUDIÊNCIAS COM AS AUTORIDADES FEDERAIS SUPREMAS EM BRASÍLIA-DF QUE PODERÃO OCORRER NO DIA 12 DE JUNHO.

INFORMAMOS A TODAS AS SOCIEDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS QUE NOS DIAS 12 E 13 DE JUNHO DE 2013, OS CONSELHOS DA ATY GUASU GUARANI-KAIOWÁ SE REUNEM E INAUGURAM OS RITUAIS RELIGIOSOS E ASSEMBLÉIAS INDÍGENAS PERMANENTES CONTRA O GENOCÍDIO/EXTERMINIO INDÍGENAS.

VISTO QUE NÃO DEMARCAÇÃO E NÃO DEVOLUÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS SIGNIFICAM GENOCÍDIO/EXTERMÍNIO INDÍGENAS, DIANTE DISSO, NO TEKOHA PINDO ROKY-CAARAPO-MS SERÁ INAUGURADA MANIFESTAÇÃO PERMANENTE CONTRA GENOCÍDIO DOS INDÍGENAS.

Uma comissão de lideranças da grande assembleia Aty Guasu Guarani-Kaiowá e Terena chegam à Brasília-DF, no dia 12 de junho de 2013. Os representantes de dois povos indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul, mais uma vez, pretendem apresentar várias denúncias, demandas e decisões dos povos indígenas à Presidenta da República através da Ministra da Casa Civil Drª Gleisi Hoffmann e Ministro da Justiça Dr. José Eduardo Cardozo. Além disso, a comitiva de lideranças dos povos indígenas entregarão vários relatórios ao Presidente do CNJ/ Supremo Tribunal Federal Dr. Joaquim Barbosa. O objetivo central da comissão de lideranças indígenas em Brasília-DF é relatar diretamente às autoridades federais supremas o processo acelerado de genocídio/extermínio dos indígenas do Mato Grosso do Sul.  Hoje, no Estado de Mato Grosso do Sul recomeçam com virulência as ações truculentas e violências contra os indígenas que essas violências dos anti-indígenas são similares às ações utilizadas pelas expedições dos bandeirantes, colocando em risco total a geração futura dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul. Diante disso, nós povos indígenas sobreviventes estamos extremamente preocupados com o destino das vidas de nossos povos, por isso, começamos e iremos fazer as reuniões e rituais religiosos permanentes em várias aldeias e acampamentos indígenas do Mato Grosso do Sul. Visto que atos públicos dos políticos e fazendeiros já realizados contra indígenas evidenciam claramente que as nossas vidas estão em perigos; em processo final de genocídio/dizimação/extermínio.

Informamos a todos (as) sociedades nacionais e internacionais que agenda de nossos rituais religiosos e assembléias permanentes contra genocídio/extermínio indígenas do MS começarão a partir do dia 12 de junho de 2013. Nossas manifestações permanentes contra o genocídio indígenas serão protocoladas na Casa Civil, no Ministério da Justiça e no Supremo Tribunal Federal. Uma das decisões dos povos indígenas é esta que estão sendo levado pela comissão indígena às autoridades federais em Brasília-DF.   

Rituais religiosos e assembleias/manifestações permanentes contra o genocídio/extermínio indígenas do MS e pela demarcação de nossas terras tekoha serão inauguradas no dia 12 de junho de 2013, em tekoha Pindo Roky/Caarapo-MS onde foi assassinado o menino Guarani-Kaiowá Denilson pelo fazendeiro. Assim, no dia 12 e 13 de junho de 2013, começa assembleia/manifestação indígenas permanente pela demarcação e devolução definitiva de todas as terras indígenas reivindicadas no Estado de Mato Grosso do Sul.

FUNDAMENTO DO RITUAL RELIGIOSO E ASSEMBLEIA PERMANENTE CONTRA GENOCÍDIO/EXTERMÍNIO INDÍGENAS DO MS.

Analisamos que hoje, esses fazendeiros/políticos estão pedindo reiteradamente ao Estado brasileiro e à Justiça Federal para ignorar os direitos indígenas e dizimar/extinguir os sobreviventes indígenas do Mato Grosso do Sul, por exemplo, OS ATOS PÚBLICOS ocorrido na Assembléia Estadual Legislativa do MS, no Congresso Nacional, no dia 23 de maio de 2013, a solicitação da senadora Katia Abreu à justiça e ao governo federal evidentemente é para anular os direitos indígenas, é para estimular e permitir livremente os genocídios indígenas, as violência hedionda, as ameaças de morte das lideranças. As vidas de todos os povos indígenas estão ameaçadas de morte coletiva. Por conta do perigo iminente para as nossas gerações futuras dos indígenas brasileiros retornamos pedir ao governo e à justiça brasileira as efetivações de nossos direitos existentes.

Constatamos que essas demandas dos fazendeiros/políticos ignoram os direitos indígenas nacionais e internacionais, claramente eles revelam que desconhecem e desconsideram os artigos 231 e 232 da Constituição do Brasil e Convenção 169 da OIT, etc. Ao analisar os nossos direitos indígenas nacionais e internacionais existentes, concluímos que o Estado brasileiro tem dever constitucional de demarcar as nossas terras tradicionais e proteger as nossas vidas, isto é, não é um favor, mas é o dever do Estado e da Justiça brasileira de efetivar os direitos indígenas. Mais uma vez, solicitamos e solicitaremos ao governo brasileiro a conclusão da demarcação de nossas terras tradicionais que estão em posse dos políticos/fazendeiros.

Entendemos que o governo da República do Brasil, desde CF/1988, em parte está tentando efetuar o seu dever constitucional, por isso, através da FUNAI, mandou identificar e demarcar as nossas terras indígenas no Mato Grosso do Sul, mas continuam em posse dos políticos/fazendeiros que perdura até os dias de hoje.
Concluímos que durante o processo atual de disputa pela posse dos nossos territórios tradicionais no Estado do Mato Grosso do Sul, não foram e não são aplicados efetivamente os direitos indígenas pela justiça federal, assim claramente estão sendo ignorados os direitos indígenas garantidos na Constituição Federal. Diante desse fato, já estamos e estaremos sempre nos manifestando publicamente e demandando a demarcação e devolução definitiva de todas nossas terras tradicionais, conforme os nossos direitos constitucionais.
Atenciosamente,

Tekoha Guasu Guarani-Kaiowá-MS, 11 de junho de 2013.

Lideranças da Aty Guasu Guarani-Kaiowá