Estudante chama índios de “fedorentos”, vira alvo de investigação e de “linchamento virtual”
Ângela Kempfer
Xuxa e Bruno, um dos integrantes do Brô MC's.
Um comentário infeliz deu margem a mais um linchamento virtual via Facebook e provocou investigação do Ministério Público Federal por racismo.
Em postagem atribuída a Lizzi Donizette, uma estudante de Dourados, os integrantes do grupo de rap Brô MC’s são chamados de “índios fedorentos”. A mensagem foi escrita depois que o grupo de jovens guarani kaiowá participou do programa TV Xuxa, no último sábado.
A denúncia foi encaminhada ao MPF, com cópia da página e frases também do tipo “que lixo véi..”, “pintou uma vergonha”, "esse MS só queima".
Para saber se foi Lizzi a real autora das agressões, o MPF vai requisitar informação aos administradores do Facebook.
“Se forem verídicas, poderá ser instaurado inquérito e posterior processo penal pelo crime de racismo, previsto pelo artigo 20 da Lei 7.716/89. A pena prevista para esse crime é de um a três anos de reclusão. Quando o crime é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, a pena passa a ser de dois a cinco anos de prisão e multa”, informa a assessoria do órgão.
Amigos da estudante turbinam a conversa agredindo, inclusive, a apresentadora. “Cínica”, escreve outra jovem, questionando a verdade de Xuxa sobre o encantamento com o grupo que canta rap na língua indígena.
Quem reproduziu os comentários racistas também está sujeito às mesmas penalidades.O assunto foi um dos temas mais polêmicos do dia hoje nas redes sociais, com centenas de compartilhamentos e pedidos de investigação, a maioria de moradores de Dourados.
Entre as mensagens contra a autora também aparecem xingamentos pesados. Alguns dos mais leves são “menina mimada”, “desvairada”, “se manifestar sim, ofender e discriminar, nunca!”.
O Ministério Público Federal lembra que em 2011 o advogado e articulista Isaac Duarte de Barros Júnior foi condenado a dois anos de prisão pelo crime de racismo contra a etnia guarani, a mesma do grupo de rap.
Na sentença, o juiz afirmou que a liberdade de expressão não é uma garantia absoluta. “A dignidade da pessoa humana, base do estado democrático de direito, prevalece sobre qualquer manifestação de pensamento que incite ao preconceito ou à discriminação racial, étnica e cultural”.
O Lado B tentou entrar em contato com Lizzi também pelo Facebook, mas não obteve resposta.
Veja o Brô MC's no programa da Xuxa:
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